terça-feira, 8 de novembro de 2016

Inabraçável


Quem sou eu,
Senão uma hecatombe finita
Tomado de meticulosos impulsos
Revestido de revoltas sãs
Cheio de olheiras por ter dormido pouco?
Eu sou e sei que sou
O apenas do apenas
Um triângulo sem pontas
Um saco de carne que respira...
Um adorno sem graça
Para quem não me quer!
Quem seria eu então,
Se meus ouvidos se voltassem
Unicamente para meus sonhos,
Ou se meus olhos apenas vissem
Um lado meu que não está em mim?
Afirmo tudo isso, pois até meu cachorro
Já não late mais da mesma forma...
Tenho a sensação que se ele falasse,
Diria: Quem é você? O que fazes aqui?
Deveras eu sei a hora de não mais ser.
Eis que a mesma chegou faz tempo...
E isso é o que importa!
É preciso ir em outra direção
É preciso, apenas,  abraçar o inabraçável
E seguir sem ouvir um pensamento sequer
Salve apenas por um: a fé...


(Rodolpho Moraes)

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